domingo, 20 de setembro de 2009

Culto à Edificação



As críticas enobrecem o tema, ou seja, tende a aprimorar as discussões sobre uma tese qualquer, todavia, a quem prefira alimentar as fagulhas.

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Para estes últimos, sobra-lhe sempre aquilo que produziu “o detrito” “o lixo”. Ou seja, tudo aquilo que semeia e cultiva, nasce; Entretanto, normalmente não são estes responsáveis pelo que cativa, vêem na critica (pura, sem proveito), o prisma, que desvia olhares e produz imagens turvas sem identidade.

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Mas, o ideal de sociedade, dito como utópico (por alguns), não é impossível! Entretanto, somos os responsáveis pela realidade que produzimos, logo, vemos e vivenciamos.

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Hoje, pela manhã, muito me identifiquei com as palavras do Exmo. Sr. Dr. Ministro Gilmar Mendes, quando questionado sobre a indicação de Toffoli ao STF. Pois, ao invés de alimentar a fagulha putrefata, preferiu exaltar aquilo que defende em seu múnus diário, a Constituição Federal, uma vez que, exaltou alguns princípios em poucas palavras (Princípio do Devido Processo Legal, do Contraditório, da Ampla Defesa e da Inocência).

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Gostaria de estar enganado, mas muita gente preferiria ouvir uma crítica (alimentar fagulhas). Para estes, são esclarecedoras as palavras, também adquiridas na leitura matinal, de Padre Fábio de Melo “O coração que Deus habita só tem tempo para coisas boas e edificantes!”

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Frise-se, que não estou exaltando ninguém, nem em defesa de outrem, muito menos marginalizando os demais, estou sim, criticando a sociedade (em sua maioria), como forma de enobrecê-la, aperfeiçoá-la, ou seja, contribuindo com tudo que posso para vê-la perfeita.

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Tentando, combater ferrenhamente o culto das fagulhas, como forma de erradicar a proliferação de fatos não edificantes, e a estocagem de detritos.

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Robson Thomas.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Prisão Espetáculo


Entre 1936 a 1938, a Rússia comunista produziu uma série de três julgamentos contra os oponentes políticos do seu então ditador Joseph Stalin. Passaram à História como os “Julgamentos Espetáculos de Moscou”.

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Belas e profundas páginas sobre tais julgamentos foram escritas pelo advogado inglês Sadakat Kadri no primoroso livro The Trial.

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O crime comum imputado aos acusados era destruir a União Soviética e assassinar Stalin. Todos eles não só eram confessos como pediam a si punição máxima.

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Os julgamentos caracterizaram-se por grande publicidade, massivo apoio popular; haviam sido preparados e foram desenvolvidos de tal forma que mesmo vários observadores ocidentais à época acreditaram terem sido processos justos.

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Mas o tempo mostrou, tarde demais, que os acusados eram inocentes.

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O método para obter o reconhecimento de culpa foi ameaçar os acusados, humilhar e destruir suas vidas e de seus familiares, submetê-los à pressão da opinião pública, e mantê-los presos até concordarem em confessar.

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E eles confessaram com riqueza de detalhes, mostrando os pormenores de seus planos, suas tentativas, encontros secretos etc., tudo narrado com grande coerência (embora, houvesse alguns detalhes errôneos mas que “passaram” desapercebidos aos julgadores, como no depoimento de um dos acusados descrevendo um encontro com outro conspirador no ano de 1932 num hotel em Copenhague, que, na verdade, já havia sido demolido em 1917).

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Quem acompanhou os Julgamentos Espetáculos à época provavelmente se convenceu da culpa e da existência do complô, logicamente desde que fechasse os olhos a certos inconvenientes detalhes.

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Os julgamentos atingiram seu real objetivo de consolidar uma política de terror, legitimar novos parâmetros de poder, intimidar inimigos, e obter apoio da população pela ampliação controlada da insegurança geral (só Stalin poderia salvar a pátria).

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Tudo isso poderia ter ocorrido sem julgamento, afinal era uma ditadura, mas só com os espetáculos poderia se conquistar amplamente a opinião pública. Era um poder liberticida que estava se consolidando, e isso só ficou claro ao longo da História.

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Enfim, o que observa-se, é que a imprensa revela-se como uma quarto poder. Que tenta furtar de todos o direito de pensar, usurpar dos Réus o direito de defesa, dos Tribunais a autonomia, implantando-se um sistema mediocre e laico.
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